A vida moderna e hiperconectada gera ansiedade de estarmos perdendo algo que outros estão fazendo. Mas, será que você está realmente perdendo alguma coisa? Provavelmente, não tanto quanto você pensa.
No nosso mundo hiperconectado, com seu ciclo de notícias 24 horas por dia, 7 dias por semana, o medo de ficar de fora (do inglês Fear of Missing Out, ou FOMO) faz com muitas pessoas se concentrem mais no que não estão fazendo do que naquilo que estão fazendo.
Isso pode levar a algumas decisões ruins e a algumas oportunidades perdidas de melhorar o seu Return on Life[1].
Neste curto espaço, comento sobre três maneiras pelas quais o FOMO pode distorcer a sua perspectiva sobre o que é realmente importante.
1 – Perder a perspectiva do seu portfólio
A grande maioria dos investidores que acumula riqueza no mercado financeiro o faz com aportes consistentes para um planejamento financeiro equilibrado e diversificado. Isso pode não soar tão empolgante quanto pular na última moda de investimento recomendado pelos influencers nas mídias sociais.
Mas, com o tempo, essa estratégia testada e comprovada é muito mais confiável do que tentar pegar atalhos. Ficar pulando de galho em galho até encontrar o investimento salvador da pátria é uma das piores coisas que você pode fazer com seus investimentos.
Por exemplo, a mania do “varejo” impulsionou as ações da Magazine Luiza e das Lojas Americanas até final de 2020. Mas essas empresas voltaram à realidade a partir de 2021. E assim como todas as ações experimentam altos e baixos, muitas pessoas que sofrem de FOMO “compraram na máxima” ou compraram mais do que a sua capacidade de risco permitia.
Alguns desses investimentos FOMO se recuperarão e gerarão lucros ao longo do tempo? Talvez. Mas se você tratar o investimento como um caça-níqueis, poderá “perder” a capacidade de construir uma base sólida para o crescimento financeiro de longo prazo.
2 – Perder a perspectiva do seu tempo
De acordo com Statista, em 2022, uma pessoa gastou em média quase 2 horas e 30 minutos por dia nas redes sociais. Parte desse tempo nos educa sobre o que está acontecendo no mundo, nos conecta com amigos e familiares, e traz um sorriso extra aos nossos coffee breaks.
Mas grande parte desse tempo é gasto vendo outras pessoas fazerem coisas que não estamos fazendo. Não surpreendentemente, mais e mais estudos científicos estão encontrando uma ligação entre o alto uso de mídia social e o FOMO. E quando olhamos para férias de ski em Aspen ou uma temporada no verão Europeu, para as quais não temos tempo ou dinheiro, isso pode levar a sentimentos de baixa autoestima e até depressão.
Ao invés de se preocupar com o que todo mundo está fazendo, pode valer a pena reexaminar sua própria programação diária para garantir que você esteja gastando tempo com as coisas que são mais importantes para você.
Se você sempre odiou correr, treinar para uma meia de ioga ou lendo uma história de ninar extra para seus filhos. Usar o seu tempo do seu jeito será muito mais gratificante do que comer uma comida que você realmente não gosta, planejar uma viagem que você realmente não quer fazer ou comprar um barco que você nunca vai dirigir o suficiente.
3 – Perder a perspectiva de Return on Life
À medida que envelhecemos, o FOMO pode assumir algumas novas dimensões complicadas. Ver colegas de trabalho sendo promovidos antes de você pode fazer você se preocupar com o auge de sua carreira. As oscilações do mercado e os desafios econômicos globais podem fazer você se preocupar com a segurança de sua aposentadoria.
Reconhecer, planejar e celebrar todos os momentos importantes da sua vida é uma parte essencial do nosso Processo de Planejamento Centrado na Vida. Relembrar os marcos que você ultrapassou deve enchê-lo de orgulho e gratidão.
Espero que esses sentimentos possam ajudá-lo a manter o foco nas metas pessoais que traçou para o futuro e no plano financeiro que desenhou.
[1] Retorno sobre a vida ou ROL (Return on Life) como é dito em inglês, é definido como: “Quão bem você está vivendo a vida que deseja, com o patrimônio que tem”.
Walter Moreira Neto, CFP® é consultor financeiro registrado da CVM, mestre em investimentos internacionais, e fundador e CEO da Overclub Family Office.
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